ANÁLISE OCEÂNICAS E PREVISÃO CLIMÁTICA PARA O PROXIMO TRIMESTRE
Atualizado: 3 de ago. de 2022
EMBORA ENFRAQUECIDA AO LONGO DO INVERNO, LA NIÑA CONTINUA PELO MENOS ATÉ O FINAL DO ANO.

As águas superficiais do Oceano Pacífico Equatorial continuam mais frias do que o normal, como mostram as manchas em azul na área demarcada em vermelho na figura 1, que representa a anomalia média das Temperaturas da Superfície do Mar (TSMs) de 12 de junho a 9 de julho. De forma geral, o sistema acoplado oceano-atmosfera continua indicando condições para La Niña.
A área demarcada em vermelho na Figura 1 se subdivide em quatro regiões, que são monitoradas para estudos de fenômenos como El Niño e La Niña, como pode ser observado nos gráficos da figura 2. Três regiões apresentaram aumento no desvio da TSM ao longo das últimas atualizações. Foram elas as regiões Niño 3.4, Niño 3 e Niño 1+2, correspondentes a regiões centrais e leste do Pacífico. No entanto, mesmo com esse aumento, o desvio permanece negativo e ainda caracteriza um fenômeno La Niña. A única região que vem apresentando diminuição no desvio é a região do Niño 4, que fica na porção mais oeste do Oceano Pacífico, e que também permanece negativa.

LA NIÑA DEVE ENFRAQUECER ATÉ FINAL DO INVERNO, MAS VOLTA A GANHAR FORÇA
DURANTE A PRIMAVERA 2022.

A previsão consenso entre os centros norte-americanos IRI (Instituto de Pesquisas Internacionais da Universidade da Columbia) e CPC (Centro de Previsões de Clima do NOAA), atualizada em 14 de julho, continua indicando enfraquecimento do resfriamento do Oceano Pacífico Equatorial durante o inverno aqui no Hemisfério Sul, o que implica na diminuição da probabilidade de La Niña, indicada pelas barras azuis na figura 3. A probabilidade de La Niña fica em torno de 60% no trimestre de julho-setembro de 2022. No entanto esse enfraquecimento é rápido e logo em seguida as previsões indicam ligeiro aumento da probabilidade do fenômeno, para 66% durante a primavera e a manutenção da La Niña pelo menos até o início do verão 2022/23. E isso é bem observado nas imagens da figura 4, onde é possível ver o fenômeno ganhando força até o final de 2022 (manchas azuis do mapa), mas em seguida há indicativo de enfraquecimento novamente.
Importante ressaltar que os modelos de previsões Oceânicas oscilam bastante nesta época do ano e podem ocorrer mudanças nas próximas atualizações.

A seguir vocês acompanham a previsão climática da Zeus Agrotech.
PREVISÃO CLIMÁTICA DA ZEUS AGROTECH
TEMPO SECO SE INTENSIFICA EM BOA PARTE DO INTERIOR DO BRASIL E RETORNO DAS CHUVAS DEVE SER IRREGULAR PARA SETEMBRO.
A seguir são apresentados os mapas da média de precipitação (ou climatologia) e a previsão de clima da Zeus para os próximos meses, na forma de desvio da precipitação em relação ao que é esperado para cada mês. Mais detalhes em relação aos valores das médias e dos desvios estão disponíveis na sua plataforma Zeus.
PREVISÃO DE CLIMA DA ZEUS AGROTECH - TENDÊNCIA DA PRECIPITAÇÃO PARA OS PRÓXIMOS 3 MESES
AGOSTO/22
Em agosto as chuvas mais expressivas normalmente ocorrem sobre extremo norte do AM e em RR, como mostram as áreas em azul da figura 5. Ainda ocorrem chuvas significativas sobre a faixa leste do Nordeste, mas os volumes já não são tão expressivos como nos meses anteriores, porque as ondas de leste começam a enfraquecer. Chove de forma moderada em grande parte da região Sul. Sobre a maior parte do Brasil Central e no interior do Nordeste, o tempo seco é predominante ao longo do mês.
Para agosto deste ano nossas previsões indicam que as chuvas em áreas centrais do Brasil, sobre o interior do Matopiba e litoral norte do Nordeste vão ficar abaixo da média. Isso é o indicativo que nestas áreas em amarelo da figura 6, onde o tempo já é seco nesse mês, a tendência é de chuvas escassas e predomínio do tempo bastante árido. Sobre o leste Nordestino ainda costuma chover de forma significativa em agosto e a tendência para 2022 é de continuidade das chuvas acima da média. No restante do Brasil a expectativa é de chuva dentro da normalidade, lembrando que nas áreas em verde somente na Região Sul são esperados volumes um pouco mais significativos.


SETEMBRO/22
Setembro é marcado pela chegada da primavera. Devido a posição da Terra em relação ao sol, o Hemisfério Sul começa a receber mais energia e as temperaturas ficam mais elevadas nas áreas mais ao sul do Brasil. A umidade da Amazônia começa a se espalhar pelo interior do País e se observa uma mudança no padrão de distribuição da precipitação (figura 7). As chuvas ganham força sobre as áreas mais ao sul da região Norte e retornam para grande parte do Centro-Oeste e Sudeste, o que proporciona o início do plantio, ao fim do vazio sanitário, em diversas áreas produtoras. Costuma chover de forma moderada sobre a faixa leste Nordestina. Chove de forma significativa sobre a região Sul e os maiores volumes de água ainda são observados sobre o extremo norte do AM e em partes de RR, como mostram as áreas em azul do mapa. O tempo seco é persistente sobre o interior Nordestino e norte de MG.
Segundo as atualizações dos centros norte-americanos o fenômeno La Niña vai continuar persistindo ao longo do segundo semestre, o que pode mais uma vez influenciar a distribuição das chuvas em parte do interior do Brasil. As nossas previsões para setembro de 2022 indicam que as chuvas vão permanecer abaixo da média em algumas áreas do centro e norte do País, nas áreas em amarelo da figura 8, com episódios de chuvas bastante irregulares ao longo do mês. No entanto nas áreas em verde a tendência é de chuvas dentro da normalidade, o que indica um retorno gradual das chuvas nestas localidades onde ainda chove pouco nesta época. Para o Sul do Brasil o padrão é diferente dos meses anteriores, e a previsão ZEUS sugere chuvas mais frequentes ao longo do mês, o que deve resultar em chuvas acima da média, como mostram as áreas em azul da figura 8.


OUTUBRO/22
Outubro é um mês de primavera em que as chuvas se espalham e se intensificam sobre grande parte do interior do Brasil. Os maiores volumes costumam atingir o meio oeste da região Sul, o norte de MT, sul do PA, partes do AM, AC e RO, como mostram as áreas em amarelo claro e azul da figura 9. No Sudeste e no Centro-Oeste, neste mês, as chuvas normalmente se firmam para o plantio e desenvolvimento das culturas de verão. As chuvas também avançam pelo interior da Fronteira Agrícola do Matopiba, atingindo de forma mais intensa o TO e de forma moderada o extremo sul do MA, sul do PI e o extremo oeste da BA. O tempo seco ainda persiste nas áreas em branco do interior e faixa norte do Nordeste
Para outubro deste ano a expectativa é de retorno mais regular das chuvas no decorrer do mês na maior parte do Brasil, podendo inclusive ficar acima da média sobre as áreas em azul da figura 10, incluindo áreas ao sul do PA, norte de MT, parte da BA e centro e norte de MG. Nas áreas em verde as chuvas também devem ocorrer de forma regular e os volumes devem ficar dentro da normalidade para o mês. No sul do Brasil, nas áreas em amarelo, as chuvas voltam a ser mais irregulares, com volumes abaixo da média. Em outubro as previsões indicam uma leve intensificação da La Niña, que tem como uma das características diminuir as chuvas sobre o sul do Brasil.


TENDÊNCIA DE TEMPERATURA PARA OS PRÓXIMOS 3 MESES
Os mapas a seguir apresentam a menor temperatura mínima e maior temperatura máxima que podemos esperar ao longo dos próximos três meses.
TEMPERATURA MÍNIMA
Em agosto ainda devem ocorrer entradas de massas de ar polar que vão derrubar as temperaturas, especialmente na Região Sul e regiões ao sul de MS e SP, indicadas nas áreas mais esbranquiçadas da figura 11. Áreas do interior das Regiões Sudeste e Centro-Oeste também devem contar com episódios de frio mais intenso, onde as temperaturas podem chegar abaixo dos 10°C, mas por enquanto sem risco para frio extremo.
Em setembro, as temperaturas mínimas seguem baixas sobre o Sul do Brasil e regiões serranas do Sudeste. Mas com a chegada da Primavera o frio tende a perder força gradativamente. Ainda podem ocorrer episódios de frio mais intenso e não se descarta o risco para ocorrência de geadas isoladas especialmente em regiões Serranas da região Sul e na fronteira do RS com o Uruguai. As madrugadas também seguem mais frias nas áreas em azul do Sudeste e Centro-Oeste, mas o que chama a atenção neste mês é a forte amplitude térmica, com as tardes com predomínio de sol e rápida elevação das temperaturas máximas.
Em outubro as menores temperaturas continuam sendo previstas para a Região Sul, porém mais elevadas em relação aos meses anteriores e diminui o risco para ocorrência de frio extremo. As temperaturas mínimas também ficam mais elevadas para o restante do Brasil, como vemos nas áreas em tons de azul escuro e verde da figura 13.

TEMPERATURA MÁXIMA
Em agosto, figura 14, o calor aumenta entre o Centro-Oeste, Norte e TO, assim como em áreas do sudoeste de SP e MG, como mostram as áreas avermelhadas do mapa, devido a persistência do tempo seco e os baixos índices de umidade relativa do ar que proporcionam rápida elevação das temperaturas máximas. As temperaturas seguem mais amenas no Sul do País e na faixa leste entre as regiões Sudeste e Nordeste.
Em setembro, figura 15, com a expectativa de atraso no retorno das chuvas em algumas partes do interior do Brasil, o calor deve continuar se intensificando nas áreas avermelhadas do mapa. São esperadas temperaturas bastante elevadas, próximas a 40°C, entre o Centro-Oeste, Norte, interior do Matopiba, extremo oeste e norte de MG e oeste de SP. No Sul do País as temperaturas também não se elevam muito e são esperados os valores mais baixos de temperatura máxima em relação às demais Regiões, devido à expectativa de chuvas mais frequentes na região.
Em outubro de 2022 as temperaturas esperadas ainda continuam bastante elevadas entre o Centro-Oeste, Norte e grande parte do Nordeste e áreas do oeste do Sudeste, como mostram as áreas em tons avermelhados do mapa, porque as chuvas ainda estarão aumentando de forma gradativa e em algumas regiões ainda costuma chover muito pouco. Como é normal para o mês, as temperaturas mais amenas devem ocorrer entre a região Sul, partes do leste do Sudeste e sul da BA, como mostram as áreas em verde do mapa.

ANÁLISE AGRONÔMICA
COLHEITA DA SAFRINHA DE MILHO NO PAÍS
Segundo o levantamento da AgRural a colheita da safrinha está com bom rendimento apresentando 40,5% da área cultivada no Centro-Sul colhida até quinta-feira (07), comparado ao mesmo período a um ano atrás que apresentava 19,8%. Com isso, o Mato Grosso (MT) lidera, entrando já no quarto final dos trabalhos.
De acordo com a Conab em MT, houve evolução expressiva na colheita durante a semana, resultando numa das safras mais adiantadas na história. A ausência de chuvas aliadas a maior capacidade de colheita foram fatores determinantes para o avanço. As produtividades se mantêm dentro do estimado e seguido de longe por Goiás, onde a colheita alcança 24% da área, com melhoria da qualidade e do peso dos grãos.

Já no PR a colheita segue lentamente, devido às chuvas e ao atraso fenológico. Em MS, os produtores aguardam melhores condições de umidade dos grãos para intensificarem a colheita. Em SP, a colheita segue lenta devido à alta umidade dos grãos. No Noroeste de MG e no TO, a colheita iniciou nas áreas que tiveram melhores condições de desenvolvimento e apresentam bom rendimento. No Sul do MA, a colheita evolui com boas produtividades e deverá se estender até agosto. No PI, a maioria das lavouras encontram-se em maturação. As áreas colhidas apresentam boas produtividades.
COLHEITA DE ALGODÃO NO PAÍS
Segundo levantamento da Conab, a colheita em MT avança em ritmo intenso, colheu 4,58% da área plantada na safra 2021/22. O clima seco favoreceu a maturação final, o que proporcionou aumento das áreas no ponto de colheita.
Na BA, as lavouras de sequeiro estão, principalmente, em fase de maturação, e a colheita segue evoluindo. As lavouras irrigadas encontram-se em fase de formação de maçãs e maturação. Em MS, o clima está favorável para os cultivos que estão em maturação e colheita. No MA, segue a colheita das lavouras de primeira safra. As áreas de segunda safra iniciaram a colheita. Em SP, na região Sudoeste a colheita está finalizada e o beneficiamento está em etapa final. No Oeste e Noroeste do estado a maioria das lavouras está colhida.

PRODUÇÃO DE AÇÚCAR NO CENTRO-SUL CAIU 13,6% NA SEGUNDA QUINZENA DE JUNHO
Segundo a S&P Global a produção de açúcar no Centro-Sul do Brasil deve ter acumulado 2,5 milhões de toneladas na segunda quinzena de junho, baixa de 13,6% frente a igual período do ano passado.
A expectativa de moagem varia de 41 milhões a 46,9 milhões de toneladas de cana, com média de 42,6 milhões de toneladas. Se confirmado, o volume médio representará queda anual de 6,3%.
Os produtores aproveitaram a alta recente dos preços do etanol durante os estágios iniciais da safra no Brasil, conforme análise, mas agora as usinas devem começar a direcionar mais matéria-prima para a produção de açúcar, o levantamento espera que o mix de açúcar no período fique em 45,3% ante a 47,6% um ano antes.
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ZEUS AGROTECH DE JULHO/22
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