ANÁLISE OCEÂNICA E PREVISÕES CLIMÁTICAS
Atualizado: 3 de ago. de 2022
O OUTONO DEVE SER MARCADO PELA TRANSIÇÃO DA LA NIÑA PARA NEUTRALIDADE CLIMÁTICA

As águas do Oceano Pacífico Equatorial continuam mais frias do que o normal e com desvio da Temperatura da Superfície do Mar (TSM) que continua caracterizando a existência do fenômeno La Niña de moderada intensidade. No entanto, nos últimos períodos, o resfriamento vem oscilando e diminuindo em algumas regiões. Na figura 1 observa-se que na média, as anomalias negativas da TSM entre 16 de janeiro e 12 de fevereiro, representadas pelas manchas em azul, são predominantes e mais intensas especialmente na área central e leste da região destacada. A área mais a oeste está mais aquecida, como mostram os tons mais esbranquiçados do mapa e já apresenta índice muito próximo de condições neutras, como pode ser verificado na tabela da figura 2.
RESFRIAMENTO NO OCEANO PACÍFICO ESTA IRREGULAR
A área demarcada em vermelho na Figura 1 se subdivide em quatro regiões, que são monitoradas para estudos de fenômenos como El Niño e La Niña, como pode ser observado na figura 2. A tabela apresenta um comparativo entre os índices (desvios da TSM) para cada uma das regiões em 08 de janeiro e 14 de fevereiro de 2022. Apenas a região do NIÑO 1+2, que fica mais a Leste no Pacífico e próxima a costa da América do sul, esfriou mais em relação ao último mês. A TSM diminui 0,4°C e agora apresenta desvio de -1,3°C. As demais regiões apresentaram aumento de TSM, sendo que a região do NIÑO 4, que fica mais a oeste e é a menos fria neste momento, apresentou aumento de 0,2°C da TSM, mas ainda assim está com desvio negativo de -0,2°C. A região central do NIÑO 3.4 apresentou aumento de 0,4°C e a do NIÑO 3 apresentou aumento de 0,3°C e agora encontram-se com desvios de -0,7°C e -1,1°C respectivamente.

NEUTRALIDADE CLIMÁTICA DEVE RETORNAR ENTRE O FINAL DO OUTONO E O INÍCIO DO PRÓXIMO INVERNO
A análise entre os centros norte americanos IRI (Instituto de Pesquisas Internacionais da Universidade da Columbia) e CPC (Centro de Previsões de Clima do NOAA), atualizada em 10 de fevereiro de 2022, mostra que a La Niña já está em fase de enfraquecimento, mas esse enfraquecimento deve continuar de forma lenta ao longo dos próximos meses e o fenômeno deve persistir durante a maior parte do outono aqui no Hemisfério Sul. A previsão indica probabilidade de 77% para a persistência da La Niña até o trimestre março, abril e maio, como mostram as barras em azul da figura 3, que representam a probabilidade ocorrência do fenômeno La Niña. Depois, a partir do trimestre maio, junho e julho, as previsões indicam uma probabilidade maior, de 56%, para transição para neutralidade climática, como mostram as barras cinzas. A previsão indica que o próximo inverno no hemisfério Sul será marcado por neutralidade climática, mas sinaliza ainda uma incerteza grande dos modelos em torno disso. Vamos seguir acompanhando as novas atualizações das previsões oceânicas e traremos essas informações ao longo dos próximos boletins. Com o enfraquecimento lento da La Niña, seus efeitos devem continuar sendo sentidos na distribuição de chuvas e temperaturas sobre o Brasil durante os próximos meses, como podemos acompanhar na previsão climática da Zeus Agrotech a seguir.

PREVISÃO CLIMÁTICA DA ZEUS AGROTECH
O SUL DO PAÍS CONTINUA SOB OS EFEITOS DA ESTIAGEM, ENQUANTO AS ÁREAS NAIS AO NORTE DO BRASIL DEVEM TER UM OUTONO MAIS ÚMIDO
MARÇO
A seguir são apresentados os mapas da média (ou climatologia) da chuva e a previsão de clima da Zeus para os próximos meses, na forma de desvio da precipitação em relação ao que é esperado para cada mês. As cores representam as regiões onde estão os clientes Zeus. Mais detalhes em relação aos valores das médias e dos desvios estão disponíveis na sua plataforma Zeus.
Março é o mês de transição do verão para o outono e costuma ser marcado por uma alternância maior entre períodos chuvosos e os períodos mais secos na maior parte do interior do Brasil. Neste mês as chuvas mais intensas se concentram sobre a porção mais a norte do País, como pode ser observado nas manchas azul mais escuro da figura 4. Os volumes costumam ser mais expressivos entre o norte do MT, RO, AC, AM, PA, norte do MA e do PI e sobre o Amapá. Sobre áreas de GO, sul e Triângulo Mineiro, leste de SP e sobre o Matopiba ainda chove de maneira significativa. Porém, em grande parte do Sudeste, sul do MT, MS e parte da região Sul a chuva começa a perder intensidade e os volumes não são mais tão expressivos como nos meses anteriores. Na metade leste do Nordeste e em RR os volumes são normalmente muito baixos.
Para março deste ano são esperadas chuvas mais irregulares sobre a metade sul do Brasil, ainda devido os reflexos do fenômeno La Niña. A previsão da Zeus indica chuvas abaixo da média nas áreas em amarelo da figura 5, que cobrem o extremo sul do País e uma faixa que se estende entre SP, sul e Triângulo Mineiro, norte de MS, extremo sul de Go, sul e sudoeste de MT e extremo sul de RO. As previsões indicam também que a Zona de Convergência Intertropical atuará mais sobre o extremo norte do País neste mês e não estará tão atuante sobre a faixa norte do Nordeste e leste do PA. Com isso, pode chover abaixo da média entre CE, norte do PI, norte do MA e nordeste do PA. Já entre o norte do RJ, ES, norte de MG e oeste da BA, as chuvas devem ser mais frequentes e volumosas e tendem a ficar acima da média como mostram as áreas em azul do mapa. Nas demais áreas, em verde do mapa, são esperadas chuvas dentro da normalidade.


ABRIL
Abril, um mês típico de outono, apresenta uma redução significativa das chuvas sobre o interior do Brasil, como mostram as áreas avermelhadas da figura 6. Além disso, é um mês com maior alternância de dias quentes e frios, já que ondas de frio começam a avançar de forma mais intensa pelo Sul e algumas vezes alcançam até o Sudeste e o CentroOeste. Neste mês as chuvas mais intensas normalmente acontecem sobre a faixa norte entre o CE, PI e o MA e entre o AP, norte e oeste do PA, interior do AM e sul de RR, como mostram as áreas em azul da figura 6.
Para abril deste ano, nossas previsões indicam uma redução normal das chuvas e volumes dentro da média para o mês sobre a maior parte do País, como mostram as áreas em verde da figura 7. As instabilidades devem ser mais intensas e pode chover acima da média entre o TO, MA e parte do PA. Já sobre o Sul do Brasil, as chuvas vão continuar irregulares e tendem ficar abaixo da média principalmente no centro e fronteira oeste da região e tem risco de chuvas abaixo da média sobre o extremo sul de MS, sul e oeste de MT e parte de RO.


MAIO
Em maio a estação seca ganha força em várias regiões do Brasil. Nas áreas em vermelho da figura 8, a chuva diminui gradativamente e os volumes são bem menores em relação aos meses anteriores. Sobre o norte de MG, interior do Nordeste, partes de GO e TO, nas áreas em branco do mapa, costumam ocorrer pouquíssimos episódios de chuva ou até mesmo não chove em maio. Neste mês, as chuvas mais frequentes se concentram em uma faixa do extremo norte do Brasil, entre o norte do AM até o norte do MA, nas áreas em azul da figura 8. Também chove sobre a faixa leste do Nordeste, onde se tem o início da estação chuvosa. Entre a região Sul e áreas mais ao sul de SP e MS, costuma chover de forma moderada.
Para maio de 2022, a expectativa é que o tempo seja mais seco do que o normal em grande parte da área central e Sul do Brasil, como mostram as áreas em amarelo da figura 9. Entre o interior do Sudeste e do CentroOeste o tempo já costuma ser bastante seco e com isso a probabilidade para ocorrência de chuvas significativas é muito baixa. As chuvas devem ser mais regulares nas áreas mais ao norte do País e podem ficar acima da média entre o norte do TO, leste do PA, parte do MA e extremo norte do PI.


TENDÊNCIA DE TEMPERATURA PARA OS PRÓXIMOS 3 MESES
TEMPERATURA MÍNIMA
Os mapas a seguir apresentam a média das temperaturas mínimas e máximas para os próximos três meses. Nestes mapas, os extremos podem estar mascarados, mas ainda assim observa-se o padrão médio de comportamento das temperaturas.
As temperaturas mínimas seguem mais amenas entre as regiões Sul e Sudeste no decorrer deste mês de março, figura 10(a), e um pouco mais elevadas entre o Centro-Oeste, Norte e Nordeste do país.
A partir de abril, figura 10(b), teremos uma oscilação maior das temperaturas no centro sul do Brasil. Com o avanço de algumas massas de ar mais frio, as temperaturas devem ficar mais baixas especialmente na região Sul e parte do Sudeste, como mostram as áreas em tons de azul da figura 10(b). As temperaturas diminuem um pouco também entre o Centro-Oeste e áreas mais ao sul da região Norte, como mostram as áreas em verde mais escuro.
Para maio, figura 10(c), as temperaturas devem diminuir mais sobre o centro-sul do país. Especialmente no sul são esperadas temperaturas bastante baixas. Neste ano, devido ao fenômeno La Niña, a atmosfera fica mais fria e por isso existe o risco para ondas de frio mais cedo e mais intensas. Por isso, não se descarta a ocorrência de episódios de geada, especialmente sobre a região Sul. São esperadas temperaturas baixas nesse mês também sobre as áreas em tons de azul do Sudeste e a tendência é de diminuição das temperaturas também em grande parte do Brasil Central.

TEMPERATURA MÁXIMA
As temperaturas máximas devem se elevar mais sobre o interior do Brasil no mês de março, já que são esperadas chuvas irregulares em partes do Sudeste do Centro-Oeste. As áreas em tons de laranja da figura 11(a), mostram onde são esperadas as temperaturas mais elevadas, especialmente no interior nordestino e partes do Centro-Oeste. Nas áreas em tons de verde mais escuro do Sudeste e da região Sul são esperadas as temperaturas mais amenas, como é normal para estas regiões.
Em abril,figura11(b),assim como as temperaturas mínimas, as temperaturas máximas também começam a diminuir na região Sul, devido ao avanço eventual de massas de ar mais frio. As máximas também devem ficar mais baixas em partes do Sudeste, enquanto o tempo continua mais abafado entre o Centro-Oeste, Norte e Nordeste.
Em maio, com a intensificação do tempo seco, as temperaturas ficam mais elevadas sobre o centro norte do país, enquanto nas áreas mais ao sul a expectativa de diminuição das temperaturas. Podemos observar pelas áreas em tons de azul da figura 11(c), que as máximas mais baixas são esperadas para o interior da região Sul e faixa leste do Sudeste.

DESTAQUES AGRONÔNICOS
COLHEITA DA SOJA BRASILEIRA VAI A 24% DA ÁREA TOTAL SEGUNDO AGRURAL

Na última semana a AgRural estimou que 24% da área cultivada estava colhida, ante os 16% na semana anterior e 9% no mesmo período da safra 2020/21. Mato Grosso continua com a liderança, com mais da metade de sua área já colhida, seguido de longe por Rondônia e Paraná.
Com chuvas ainda muito frequentes, a colheita de Mato Grosso tem avançado nos intervalos, com o produtor apressando-se para tirar a soja do campo antes que ocorram maiores problemas de qualidade. Mas os índices de umidade e avariados seguem altos e tornam mais lenta a logística entre as lavouras e os armazéns. Também há queixa de grãos com excesso de umidade em Rondônia e Minas Gerais. Nos demais estados, a colheita caminha conforme mais áreas vão ficando prontas e, nos estados com quebra de safra por estiagem, à medida que as seguradoras liberam o avanço das colheitadeiras. No Paraná, os relatos de produtividade seguem muito baixos no oeste e no sudoeste, confirmando as perdas por falta de chuva e calor, mas os rendimentos são melhores em outras regiões. Em relação ao plantio do milho safrinha mesmo com a chuva em Mato Grosso o plantio avançou bem na semana passada, chegando a 42% da área no Centro-Sul, contra 24% uma semana antes e bem à frente dos 11% do mesmo período do ano passado. A colheita de milho verão, por sua vez, alcançou 23% da área do Centro-Sul do Brasil, ante 17% um ano atrás. A AgRural estima a produção de soja na safra 2021/22 do Brasil em 128,5 milhões de toneladas. A produção total de milho, estimada por enquanto com base em linha de tendência de produtividade para a safrinha, é de 110,9 milhões de toneladas
AGOPA: PLANTIO DO ALGODÃO EM GOIÁS ULTRAPASSA
90% DA ÁREA
Segundo levantamento realizado na última sexta-feira (11) 90,15% dos 30 mil hectares previstos para a safra 2021/22 já foram implantados em Goiás. O percentual é um pouco acima dos 88,06 registrados na semana anterior.
Na Região 1, composta pelos municípios de Goiatuba, Morrinhos, Palmeiras de Goiás e Turvelândia, o plantio está em 95,29% da área total prevista. O número representa 9,15% da área total a ser plantada em Goiás. A Região 2, composta pelos municípios de Caiapônia, Chapadão do Céu, Mineiros, Jataí, Montividiu, Rio Verde e Perolândia, o plantio avançou pouco, chegando a 99,02%, pouco acima dos 98,89% registrados no último dia 4. O percentual representa 53,8% do total no estado. A Região 3 já havia completado 100% do plantio de sua área, o que corresponde a 27,20% em nível estadual. A região engloba os municípios de Cristalina, Cabeceiras e Luziânia. A Região 4, composta pelo município de Britânia, ainda não começou a semeadura do algodão devido ao calendário de plantio da Agrodefesa, que prevê para fevereiro o plantio nessa região. O levantamento é realizado pelo Fundo de Incentivo à Cultura do Algodão em Goiás (Fialgo), que acompanha o plantio nas fazendas cotonicultoras em todo o estado.

BAIXE AGORA A VERSÃO COMPLETA EM PDF DO BOLETIM
ZEUS AGROTECH DE FEVEREIRO/22
Fonte das informações agrícolas: AgRural e Agopa
EQUIPE ZEUS
meteorologistas:
BRUNA PERON | bruna.peron@zeusagro.com
NADIARA PEREIRA | nadiara.pereira@zeusagro.com
analista de relacionamento agronômico:
ANDRESSA GREGÓRIO | andressa.gregorio@zeusagro.com
engenheiro agrônomo:
CARLOS SILVA NETO | carlos.neto@zeusagro.com
diagramação:
FELIPE ARAUJO | felipe.araujo@zeusagro.com