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Boletim Zeus - ABRIL 22

Atualizado: 3 de ago. de 2022

REGISTROS DE PRECIPITAÇÃO E TEMPERATURAS DO MÊS DE MARÇO DE 2022

Fig 1. Climatologia da precipitação para o mês de março.

Em março tem-se o início do Outono, a estação de transição do período chuvoso para o período mais seco sobre o interior do Brasil. Neste mês as chuvas mais intensas ficam concentradas sobre parte do centro-norte do País, como mostram as manchas em azul mais escuro da figura 1. Os volumes normalmente são mais expressivos entre o norte do MT, AM, PA, norte do MA e PI e sobre o Amapá. Sobre áreas de GO, sul de MG e Triângulo Mineiro, leste de SP e sobre partes do Matopiba ainda chove de maneira significativa. Porém, em grande parte do Sudeste, sul do MT, MS e toda a região Sul, a chuva perde intensidade e os volumes não são mais tão elevados como nos meses anteriores. Já para o interior Nordestino e em RR, os volumes costumam ser muito baixos, como mostram as áreas em tons avermelhados da figura 1.


PRECIPITAÇÃO E ANOMALIA REGISTRADA EM MARÇO DE 2022


Ao longo do mês de março, embora os índices do fenômeno La Niña tenham oscilado bastante, o fenômeno continuou presente e isso influenciou na distribuição das chuvas sobre boa parte do Brasil. Os maiores volumes ocorreram especialmente entre a Região Norte e em uma faixa do litoral norte do Nordeste, como é observado nas áreas em tons de verde mais escuro da figura 2 (a), que representa a precipitação acumulada do mês de março, que ficou acima de 400mm, devido principalmente a Zona de Convergência Intertropical (ZCIT) que esteve bastante intensa ao longo do último mês e é um fenômeno bastante atuante nesta época do ano. Além disso, a umidade da Amazônia também contribuiu com as intensas instabilidades especialmente no interior da Região Norte, onde se observou os maiores desvios positivos da precipitação, como é observado nas áreas em tons de azul do segundo mapa da figura 2. Para o interior do Brasil, a chuva foi bastante irregular, o que resultou em regiões com desvio negativo, conforme é observado nas áreas em tons de laranja mais escuro da figura 2(b). Em algumas localidades, do Centro-Oeste, especialmente de MT, e do Matopiba os volumes foram mais expressivos e o desvio da chuva foi positivo. Com um padrão diferente do mês de fevereiro, março fechou com chuvas significativas em boa parte da Região Sul. Os sistemas meteorológicos, como as frentes frias, avançaram de forma efetiva sobre a região e isso é observado em algumas regiões com manchas em tons de verde da figura 2 (a), que representam volumes entre 250 e 300mm, e isso contribuiu para que os volumes ficassem acima da média, como é mostrado nas áreas em tons de azul da figura 2 (b).

Fig. 2. (a) Precipitação acumulada do mês de março de 2022; (b) Anomalia da precipitação acumulada em março de 2022. Fonte: CPTEC

DESVIO DAS TEMPERATURAS REGISTRADAS EM MARÇO DE 2022


As temperaturas mínimas ficaram acima da média sobre boa parte do Brasil durante o mês de março, como mostram as áreas entre o laranja e o vermelho da figura 4(a), que representa o desvio da temperatura mínima para o mês. Mesmo com a entrada de uma massa de ar frio sobre a região Sul nos últimos dias do mês, o frio não foi intenso e abrangente e por isso o desvio não foi acentuado e as temperaturas ficaram próximas a média, especialmente em áreas no RS e SC. A temperatura máxima ficou acima da média em alguns pontos do interior do Nordeste, como mostram as áreas avermelhadas do mapa. Também houve registro de desvio positivo acentuado da temperatura máxima no interior de SP, sul de MG e partes de MS e GO, onde houve maiores períodos com tempo seco no último mês. Em algumas regiões, onde as chuvas foram acima da média e consequentemente tivemos maiores períodos de céu fechado, as temperaturas ficaram com o desvio negativo, especialmente áreas da Região Norte e do Sul do Brasil, como mostram as áreas em azul, da figura 3(b).


Fig. 3. (a) Anomalia da temperatura mínima do mês de março de 2022 e (b) anomalia da temperatura máxima do mês de março de 2022. Fonte: CPTEC


PREVISÃO DO TEMPO DE 01 A 14 DE ABRIL DE 2022

PRIMEIRA QUINZENA DE ABRIL SERÁ MAIS CHUVOSA SOBRE OS EXTREMOS SUL E NORTE DO PAÍS


No período de 01 a 05 de abril, figura 5(a) uma frente fria, que está avançando pelo litoral do Brasil, propaga instabilidades pelo interior do Sudeste e do Centro-Oeste. De uma forma geral, as chuvas serão esparsas e não devem gerar grandes volumes acumulados sobre o interior dessas duas regiões. Apenas na faixa leste entre SP e RJ há risco para temporais e volumes expressivos de água. A partir do dia 03/04 essas instabilidades perdem força e teremos a formação de novas instabilidades sobre o Sul do País, que devem propagar chuvas fortes especialmente sobre as áreas mais a oeste entre o RS e PR, como mostram as áreas em tons de azul escuro do mapa. Ainda neste período, as chuvas mais persistentes e volumosas são esperadas para a faixa norte do país, devido a influência da Zona de Convergência Intertropical. Os volumes mais expressivos de água devem atingir estados como AP, PA, norte do MA, norte do PI e CE. Já sobre o interior nordestino, as chuvas serão bastante esparsas e o tempo seco deve predominar na área em que aparece o fundo verde do mapa entre o sul do PI, interior da BA, sul do TO, interior de GO e de MG.


No período de 06 a 10 de abril, figura 4(b), além de instabilidades que vão se formar sobre o Sul do país, teremos o avanço de uma nova frente fria entre os dias 07 e 08, que deve espalhar chuva sobre a maior parte dos três estados da região. Esse sistema deve avançar, no final de semana dos dias 09 e 10 de abril, propagando instabilidades também sobre o interior das regiões Sudeste e Centro-Oeste. Mas como observa-se pelas áreas em tons de azul mais claro do mapa, os episódios de chuva serão bastante irregulares e com baixos acumulados no interior dessas regiões. São esperados volumes moderados de chuva sobre o extremo sul do MS, na faixa leste do Sudeste e no norte mato-grossense. As chuvas mais expressivas devem continuar concentradas sobre a faixa norte do Brasil, especialmente entre o norte do AM, RR, AP, norte do PA, norte do MA, norte do PI e CE. Enquanto isso, o tempo seco segue predominando e se intensificando sobre o interior Nordestino e em grande parte de MG, GO, sul do TO e áreas mais ao leste de MT.


Entre 11 e 14 de abril, figura 5(c), áreas de instabilidade devem se espalhar pelo centro-sul do país provocando episódios de chuva sobre grande parte do Sul, do Sudeste e do Centro-Oeste. No entanto, não são esperadas chuvas expressivas sobre essas regiões, como observa-se pelas áreas em tons de azul mais claro. Nesse período, a chuva aumenta sobre a faixa leste da Bahia e se espalhe um pouco mais pelo interior do Matopiba, mas em grande parte desta região os episódios devem ocorrer de forma isolada e passageira. Os maiores volumes de água continuarão concentrados sobre a região Norte e faixa norte do Nordeste como mostram as áreas em azul escuro do mapa.

Fig.4. Previsão da precipitação acumulada: (a) entre 01 e 05, (b) entre 06 e 10 e (c) entre 11 e 14 de abril.

TEMPERATURA MÍNIMA


Quanto as temperaturas mínimas, o destaque é o aumento do frio ao longo das próximas semanas especialmente no Sul do País. No período de 01 a 05 de abril, figura 6(a), uma massa de ar de origem polar, que está acompanhando a passagem de uma frente pelo centro-sul do país, deve deixar as madrugadas bem geladas no interior da região sul, como mostram as áreas em tons de azul do mapa. Inclusive, em regiões serranas do RS e SC há risco até mesmo para formação de geadas especialmente nas madrugadas dos dias 01 e 02 de abril. As temperaturas devem diminuir também nas áreas mais ao sul de SP e MG e em partes de MS e MT, como mostram as áreas em verde do mapa. As temperaturas diminuem até mesmo entre RO, AC e sul do AM nas próximas madrugadas, fenômeno conhecido como friagem. No período de 06 a 10 de abril, figura 06(b), o frio continua mais intenso sobre a região Sul, especialmente em regiões serranas, como mostram as áreas em tons de azul mais esbranquiçado no mapa, que representam temperaturas mínimas próximas de 0°C. São esperadas temperaturas mínimas baixas ainda sobre o extremo sul de MS e partes do interior do Sudeste, GO e BA, como mostram os as áreas em tons de verde mais escuro do mapa. Nas demais áreas do interior do país, em tons de amarelo e laranja, o tempo segue abafado durante as madrugadas. Depois do dia 10 de abril, teremos o avanço de uma massa de ar polar mais intensa, que deve provocar um declínio mais acentuado das temperaturas sobre a região Sul e aumenta o risco para a ocorrência de geadas entre interior Gaúcho e o extremo sul do PR, como mostram as áreas em tons de azul mais claro no mapa, que representam temperaturas bastante baixas que podem chegar entre 2°C e 4°C e até em torno de 0°C nas áreas mais esbranquiçadas. Nesse período, o frio deve aumentar também sobre o interior do Sudeste e do Centro-Oeste, nas áreas em tons de verde mais escuro do mapa. No entanto, sobre essas regiões ainda não são esperados extremos de temperatura mínima.

Fig.5. Previsão da temperatura mínima: (a) entre 01 e 05, (b) entre 06 e 10 e (c) entre 11 e 14 de abril.

TEMPERATURA MÁXIMA


Quanto as temperaturas máximas, ao longo dos próximos períodos o que mais chama atenção é a intensificação do calor sobre o interior do país, consequência da expectativa de diminuição das chuvas em relação aos últimos meses. Especialmente no interior Nordestino, interior do Sudeste e do Centro-Oeste, as áreas em laranja, que indicam temperaturas máximas mais elevadas nos mapas, se intensificam e se expandem cada vez mais com o passar dos períodos, como podemos acompanhar nas sequências das figuras 6 (a), (b) e (c), que representam a previsão de temperatura máxima até o dia 14 de abril, dividida em períodos de 5 dias. Na região Sul, as temperaturas seguem um pouco mais baixas, como mostram as áreas em verde, devido a maior frequência da passagem de frentes frias e massas de ar de origem polar. As temperaturas máximas também não se elevam tanto na faixa norte do país, devido a persistência das chuvas, associadas a atuação da Zona de Convergência Intertropical.


Fig. 6. Previsão da temperatura máxima: (a) entre 01 e 05, (b) entre 06 e 10 e (c) entre 11 e 14 de abril.


SOJA: ESTIMATIVA DA SAFRA 2021/22 DE SOJA NO BRASIL É REDUZIDA PELA DATAGRO

Fig. 7. Sementes de soja - imagem: Envato

A DATAGRO, em seu sexto levantamento a respeito da safra brasileira de sojicultura para o ciclo 2021/22 aponta para 41,09 milhões de hectares, um aumento de 4,7% sobre os 39,22 milhões de hectares da temporada anterior. Em fevereiro, no quinto levantamento, era previsto 40,86 mi de ha. Esses dados confirmam a direção da projeção inicial da consultoria para a área de plantio divulgada em julho de 2021. A informação ratifica o décimo quinto ano consecutivo de aumento da área plantada no Brasil com a cultura da soja. O aumento da área, no entanto não significa que o produtor não tenha enfrentado problemas. O país vem colhendo uma safra muito inferior ao potencial inicial, estimado em 145 milhões de toneladas pela consultoria. Assim como em 2021, o modelo climático vigente na atual temporada está sendo o La Niña, que apesar da intensidade fraca a moderada e da previsão de curta duração, trouxe expressivos prejuízos para a safra de soja e milho verão em determinadas áreas. Devido a isso, a DATAGRO revisou sua previsão para apenas 125,10 mi de t, abaixo das 130,25 mi de t estimadas em fevereiro. A produtividade apresentou intensa queda nos 3 estados do Sul (RS, SC e PR), além do Mato Grosso do Sul e Rondônia, houve também recuos residuais em Minas Gerais e Distrito Federal. Ganhos esperados foram constatados em Mato Grosso, Goiás, Pará, Roraima e no MATOPIBA segundo a consultoria.



MILHO

A DATAGRO também indicou o avanço da área destinada ao milho verão em 2021/22, pelos dados da consultoria esse aumento foi de 4% em relação ao ciclo anterior, passando de 4,40 para 4,59 milhões de hectares. Em função da escassez de chuvas, a 1ª safra de milho teve o potencial de produção ajustado para 24,74 mi de t – 18,04 mi de t do Centro-Sul e 6,70 mi de t do Norte/ Nordeste –, abaixo dos 24,82 mi de t da estimativa de fevereiro e da comprometida safra de 2021 – 25 mi de t. O levantamento da DATAGRO mostra tendência de forte elevação na área do milho de inverno: 17,20 mi de ha, sendo 14,71 mi de ha do centro-sul e 2,49 mi de ha do Norte/Nordeste, 7% superior aos 16,07 mi de ha do ano passado. Considerando o clima predominantemente regular em fevereiro e março e o plantio antecipado, o potencial de produção do País para a 2ª safra é de 93,57 mi de t, 49% acima dos 62,72 mi de t da fortemente quebrada temporada de 2021. Desse total, a região Centro-Sul responderia por 86,18 mi de t e o Norte/Nordeste por 7,39 mi de t.


ALGODÃO: CEPEA INDICA ELEVAÇÃO DOS PREÇOS NO BRASIL DEVIDO A ALTA EXTERNA

Fig. 8. Algodão - imagem: Envato

Os preços domésticos do algodão em pluma seguem em alta e renovando os recordes nominais da série histórica do Cepea, iniciada em 1996 para este produto. O avanço está atrelado à posição firme de vendedores e, sobretudo, à forte valorização dos contratos da pluma na Bolsa de Nova York (ICE Futures). Entre 22 e 29 de março, o Indicador CEPEA/ESALQ do algodão em pluma subiu 3,25%, fechando a R$ 7,2799/lp na terça-feira, 29. Na parcial de março, a elevação é de 5,72%. Segundo colaboradores do Cepea, boa parte das indústrias tem utilizado produtos em estoque e/ou recebido a matéria-prima de contratos a termo, evitando adquirir novos lotes nos atuais patamares de preços. Nesta safra 2021/22 os produtores mineiros ampliaram a área cultivada de algodão em 2% e, depois de algumas dificuldades na hora do plantio, esperam bons resultados de produção para a colheita que vai começar em abril na agricultura familiar e em junho/julho na industrial. Segundo o diretor executivo da Amipa (Associação Mineira dos Produtores de Algodão), Lício Pena, em entrevista ao Notícias Agrícolas, houve excesso de chuvas e tempo nublado dificultando o plantio e o início dos tratos culturais para as lavouras plantadas em dezembro, mas as condições climáticas melhoraram e hoje as lavouras estão se desenvolvendo bem. A projeção da entidade é de atingir produtividade média de 4.465 quilos por hectare para uma produção total de 47 mil toneladas de pluma. Na safra passada, o estado fechou o ciclo com 44 mil toneladas colhidas. Em Goiás, segundo entrevista do presidente da Agopa (Associação Goiana dos Produtores de Algodão), Carlos Alberto Moresco, concedida ao Notícias Agrícolas, as lavouras estão correndo bem até o momento tanto nas áreas de primeira safra quanto nas de segunda safra. Diante deste início promissor, a projeção da associação é bater recorde de produtividade com patamares superiores às 300 @ por hectare para a colheita que deve começar na virada de maio para junho e se estender até o mês de agosto. Por outro lado, o temor dos produtores seria a previsão de inverno mais acentuado, o que já causou graves problemas em 2021.


ATUALIZAÇÃO DA SAFRA DE CANA-DE-AÇÚCAR 2021/22


Na penúltima quinzena da safra 2021/22, a moagem de cana-de-açúcar atingiu 142,4 mil toneladas no Centro-Sul, ante 1,68 milhão de toneladas (-91,51%) processadas no mesmo período do ano passado. A primeira metade de março, contou com dez unidades produtoras em operação, sendo uma usina de cana-de-açúcar, seis de empresas que produzem etanol a partir do milho e três unidades que usam as duas matérias-primas. O diretor técnico da União da Indústria de Cana-de-açúcar (Unica), Antônio de Pádua Rodrigues, comentou em entrevista à Nova Cana que “poucas unidades” devem iniciar a moagem do ciclo 2022/23 no mês de março, quando comparado à safra 2021/22. “Todavia, apesar da produção se intensificar apenas em abril, os níveis atuais de estoque nas usinas são suficientes para abastecer o mercado em toda a entressafra restante”.



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ANÁLISE ZEUS DE ABRIL/22
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CONFIRA TAMBÉM O ANÁLISE ZEUS



Fonte das informações agrícolas: Céleres; Reuters; Notícias Agrícolas; Imea.

Imagens: Envato


EQUIPE ZEUS

meteorologistas:

BRUNA PERON | bruna.peron@zeusagro.com

NADIARA PEREIRA | nadiara.pereira@zeusagro.com


analista de relacionamento agronômico:

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engenheiro agrônomo:

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