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ANÁLISE ZEUS - AGOSTO 2022

Atualizado: 2 de set. de 2022

REGISTROS DE PRECIPITAÇÃO E TEMPERATURAS DO MÊS DE JULHO DE 2022

Fig 1. Climatologia da precipitação para o mês de julho.

Julho é um mês típico de inverno, sendo muito seco na maior parte do interior do País, como é observado na primeira figura nas áreas em branco. Nas áreas em tons de vermelho, os volumes de chuva nesta época costumam ser muito baixos. As chuvas ficam concentradas no extremo norte do País, por causa da presença da ZCIT (Zona de Convergência Intertropical) e na faixa leste Nordestina, devido principalmente ao fenômeno Ondas de Leste. No Sul do Brasil, temos também a passagem de sistemas frontais, que garantem volumes moderados de chuvas na região. Enquanto o frio costuma ser mais constante no centro sul do País.




PRECIPITAÇÃO E ANOMALIA REGISTRADA EM JULHO DE 2022


Julho normalmente é um mês muito seco em grande parte do interior do Brasil, com episódios escassos de chuva em muitas áreas, e neste último mês o padrão não foi diferente, como podemos observar nas regiões em tons de vermelho e branco da figura 2 (a), que representa a precipitação acumulada até 31/07. Nas regiões entre o vermelho e o laranja da figura 2 (a), os volumes registrados não ultrapassaram 50mm ao longo do mês, enquanto nas áreas em branco não houve registro de precipitação em julho. Ao longo deste mês um bloqueio atmosférico persistiu sobre boa parte do Brasil, o que favoreceu a continuidade do tempo muito seco chuvas abaixo da média no interior das Regiões Sul, Sudeste, Centro oeste e no Matopiba, como mostram as áreas em tons de amarelo da figura 2 (b). A chuvas mais persistentes durante julho ocorreram sobre parte da Região Sul, especialmente no RS, devido principalmente aos avanços frequentes de frentes frias sobre o extremo sul do Brasil e por causa do bloqueio atmosférico, estes sistemas não avançaram para as demais regiões e ficaram concentrados no sul do Brasil. As chuvas ainda foram frequentes também no extremo norte da Região Norte, como é comum para esta época, e mais uma vez os volumes foram elevados e ficaram acima da média no leste do Nordeste, devido ainda ao fenômeno conhecido como ondas de leste, como é observado nas regiões em tons de azul da figura 2 (b), que representa a anomalia de precipitação acumulada até 31/07.

Fig. 2. (a) Precipitação acumulada do mês de julho de 2022; (b) Anomalia da precipitação acumulada em julho de 2022. Fonte: CPTEC

DIFERENÇA ENTRE AS TEMPERATURAS REGISTRADAS EM JULHO DE 2021 E JULHO DE 2022


O mês de julho de 2021 foi marcado por intensos episódios de ondas de frio que adentraram o centro sul e provocaram frio intenso sobre importantes regiões produtoras entre o Sudeste e Centro oeste. Em muitas localidades houve registro de geadas históricas, como é o caso de regiões de GO e MT. O frio daquele mês foi histórico e bateu inúmeros recordes, sendo o mês de julho mais frio dos últimos 20 anos até então.

No entanto, julho de 2022 seguiu um padrão diferente. O mês foi marcado por temperaturas mínimas amenas e sem frio intenso. Isso acabou resultando no desvio positivo das temperaturas mínimas em grande parte do Brasil, como mostram as áreas em vermelho da figura 3 (b). Especialmente sobre a Região Sul, as entradas de massa de ar frio ao longo do mês de julho não foram suficientes para provocar forte declínio das temperaturas, favorecendo o desvio elevado das mínimas. Em muitas das áreas em tons de vermelho, a anomalia chegou a ficar 5°C acima da média para a época.


Fig. 3. (a) Anomalia da temperatura mínima do mês de julho de 2022 e (b) anomalia da temperatura máxima do mês de julho de 2022. Fonte: CPTEC


PREVISÃO DO TEMPO DE 03 A 16 DE AGOSTO DE 2022

A PRIMEIRA QUINZENA DE AGOSTO SERÁ MARCADA POR TEMPO MUITO SECO NO INTERIOR DO BRASIL E SEM EXPECTATIVA PARA NOVOS EPISÓDIOS DE FRIO INTENSO NO CENTRO SUL


No primeiro período, figura 4 (a), uma nova frente fria avança pela Região Sul até dia 05/08. Este sistema pode contribuir com chuvas intensas entre o RS e PR, e de forma isolada no sul de MS. A partir do dia 06/08, novas áreas de instabilidades se deslocam sobre o oeste da Região Sul novamente, e provocam chuvas intensas entre o norte Gaúcho e o Paraná. Ainda neste período as chuvas mais expressivas continuam sobre as áreas ao norte dos estados como AM, AC e RO. Chove forte também neste período na faixa leste nordestina de maneira intensa. Já sobre grande parte do Brasil o tempo seco ganha força na área em que aparece o fundo verde do mapa.

No período de 08 a 12, figura 4 (b) algumas instabilidades associadas ao sistema que avançou no período anterior também conseguem se espalhar em pontos do centro sul de MS e SP e oeste de MT pelo menos até meados de 10/08. Neste período os acumulados, principalmente da Região Sul, devem ser bastante elevados, conforme é observado nas áreas em azul mais escuro. As chuvas mais frequentes devem ocorrer ainda sobre as áreas da Região Norte, especialmente na porção oeste da Região. Para o leste do Nordeste as instabilidades diminuem neste período e chove apenas de forma passageira. Além disso o tempo seco continua se intensificando em grande parte do interior do Brasil, como mostram as áreas com fundo verde.

Para o último período de 13 a 16 as instabilidades se afastam do País, e o tempo seco segue se intensificando em todo o interior do Brasil, inclusive sobre áreas da Região Sul. Nesse período os maiores volumes de água continuarão concentrados sobre o extremo norte da região Norte. Para a faixa leste Nordestina as fortes instabilidades também diminuem, como mostram as áreas em azul do mapa.

Fig. 4. Previsão da precipitação acumulada: (a) entre 03 e 07, (b) entre 08 e 12 (c) entre 13 e 16 de agosto.

TEMPERATURA MÍNIMA


Quanto as temperaturas mínimas, neste primeiro período as madrugadas não devem contar com temperaturas tão baixas em boa parte do Brasil, como é observado nas regiões em tons de amarelo e verde. Contudo, para a Região Sul, ainda tem expectativa para frio mais intenso nos próximos dias.

Para o período seguinte, de 08 a 12 de agosto, figura 5 (b), o frio deve ganhar força sobre Centro Sul, especialmente entre a Região Sul e partes mais ao sul do Sudeste e Centro oeste, como mostram as áreas em tons de azul mais esbranquiçado no mapa, que representam temperaturas mínimas próximas a 5°C, devido a entrada de uma massa de ar polar a partir de 11/08. Em áreas como MG, GO, MT e BA, as temperaturas também devem cair, mas por enquanto não há indicativo para frio tão intenso e as temperaturas podem ficar em torno dos 10 a 12°C, como mostram as áreas em tons de verde mais escuro do mapa. Nas demais áreas do norte do país, em tons de verde claro, o tempo deve ficar com temperaturas mais baixas, caracterizando um fenômeno conhecido como friagem.

O final da primeira quinzena de agosto ainda deve ser marcado por temperaturas baixas em parte do centro sul do País, devido ao avanço de uma massa de ar polar no período anterior, que deve provocar um declínio das temperaturas sobre áreas entre as Região Sul e sul de MS e SP. No entanto o frio não deve ser tão intenso e abrangente e as menores temperaturas ficam concentradas especialmente sobre a região sul.

Fig. 5. Previsão da temperatura mínima: (a) entre 03 e 07, (b) entre 08 e 12 (c) entre 13 e 16 de agosto.

TEMPERATURA MÁXIMA


Quanto as temperaturas máximas, ao longo dos próximos períodos, mais uma vez o destaque é a intensificação do calor sobre a região central e norte do país, consequência da condição de tempo bastante seco, que deve persistir ao longo dos próximos dias. Especialmente para o segundo período, de 08 a 12 de agosto, o calor deve ser bem mais intenso sobre grande parte das Regiões Sudeste, Centro oeste e porção ao Norte. Nestas áreas em tons de amarelo e laranja as temperaturas podem ficar próximas a 40°C em muitas localidades. Para áreas da Região Sul as temperaturas ainda não sobem tanto, como as demais regiões, conforme mostram as áreas em verde. As temperaturas máximas também não se elevam tanto no leste Nordestino.


Fig. 6. Previsão da temperatura máxima: (a) entre 03 e 07, (b) entre 08 e 12 (c) entre 13 e 16 de agosto.


O IMPACTO DAS RELAÇÕES INTERNACIONAIS NA PRODUÇÃO DE GRÃOS

Fig. 7. Milho - imagem: Envato

O acordo realizado entre a Rússia e a Ucrânia, divulgado na sexta-feira (22/07), para a exportação de grãos pelo Mar Negro ocasionou a queda de mais de 5% da cotação do trigo na Bolsa de Chicago, afetando, ainda, negativamente o valor do milho.

Atualmente, a Ucrânia possui mais de 20 milhões de toneladas de grãos estocadas da safra anterior e há a possibilidade da comercialização da lavoura que está em fase final, afetando os produtores do Brasil, os quais investiram na commodities devido à alta demanda mundial e estimam uma safra recorde de mais de 10 milhões de toneladas.

No que se refere ao cenário norte-americano, a USDA, Departamento de Agricultura dos Estados Unidos, registrou uma queda superior que a esperada nas lavouras de soja e de milho. Com isso, o índice de boas ou excelentes caíram de 61% para 59% em relação as oleaginosas e 63% para 61% na produção de milho, sendo mantido a atenção ao clima no Corn Belt.



DESENVOLVIMENTO DA SAFRA DE MILHO


O milho segunda safra, principalmente localizado na região Centro-Oeste, Sudeste, MATOPIBA e Norte do Paraná, foi favorecido em sua maturação e colheita pela baixa ou nula precipitação, no estado do Paraná segundo Dereal (Departamento de Economia Rural) 45% das lavouras de segunda safra já foram colhidas no estado. Enquanto isso, 87% da área está em maturação e os 13% restantes seguem em frutificação. No Mato Grosso, o clima seco favoreceu o ritmo da colheita, enquanto no Paraná a colheita segue lenta devido a elevada umidade dos grãos, podendo haver reduções pelos ataques da cigarrinha do milho. Em Goiás, também influenciado pelo ataque das cigarrinhas e pelo risco de tombamento, a colheita foi adiantada, já atingindo 40% da área semeada. No Mato Grosso do Sul a colheita na região norte apresentou avanço, com média de 53,6%, já a região central está com 21,2% e o Sul com 9,1% de média. Até o momento, a área colhida é de cerca de 342 mil hectares, representando 17,2% da área total. No panorama estadual, 81% das lavouras apresentam boas condições, 13% condições regulares e 6% condições ruins.

Na região Sudeste, Minas Gerais segundo SAFRAS & Mercado apresenta 30,9 % de área já colhida, enquanto, em São Paulo apresenta 47,3%, pois a distribuição das chuvas nos períodos ideais favoreceu as condições do milho 2ª safra.

No Maranhão, a colheita avança e apresenta boas produtividades. Em Tocantins, as produtividades foram afetadas devido ao plantio tardio e alcança cerca de 60% da área cultivada colhida. No Piauí, áreas se encontram em maturação e em boas condições, a colheita iniciou-se, entretanto, nota-se a presença de alta umidade nos grãos na região. Na Bahia, a colheita foi iniciada, havendo limitação na produtividade devido ao intenso déficit hídrico.

De acordo com o CEPEA, Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, a cotação do milho continua em retração nos mercados internos e externos, apresentando, na semana do dia 22, o menor valor desde 30 de dezembro de 2020: R$80,06/sc.

Esta queda está relacionada ao avanço da colheita, a qual já atingiu 49,2% da área plantada, segundo a CONAB, informativos descrevem armazéns lotados no Sudeste e produtos a céu aberto na região Centro-Oeste.

Em relação as exportações, a primeira quinzena do mês representa 44,17% a mais do total do volume no mesmo período de 2021 e 185,6% de aumento de ganho médio diário.

Fig. 8. Milho - imagem: Envato



SOJA


Menor demanda chinesa e o receio de uma recessão mundial mantém preços na bolsa de Chicago em baixa da oleaginosa, entretanto, segundo a CONAB, Companhia Nacional de Abastecimento, a redução dos EUA tende a uma expectativa de estabilidade com leve alta na cotação.

As exportações também sentem influência chinesa e holandesa registrando 53,07 milhões de toneladas de soja no primeiro semestre de 2022, de acordo com o CEPEA, Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada, tornando-se a menor quantidade embarcada desde 2019.



TRIGO


No Paraná, as condições climáticas adversas e a colheita de milho 2ª safra atrasou a semeadura em relação a safra anterior, encontrando-se agora na finalização. Em São Paulo, o veranico causa preocupação acerca da redução no desenvolvimento dos grãos e a interferência nos tratos culturais. Enquanto, em Minas Gerais, as lavouras encontram-se em fase de enchimento de grãos e de maturação, com condições climáticas favoráveis.

Em Santa Catarina, a semeadura alcança quase 90% das áreas e as primeiras áreas se encontram em perfilhamento, sendo favorecido pelas condições climáticas. No Rio Grande do Sul, 90% das áreas do estado foram destinadas a cultura, sendo já semeada em 50%.

Em Goiás, a colheita de sequeiro está finalizada e a irrigada contém áreas em fase de maturação. No Mato Grosso do Sul, a cultura está em fase de enchimento de grãos sofrendo influências positivas das condições climáticas. Na Bahia, as lavouras irrigadas estão em bom desenvolvimento.


ALGODÃO


A Associação Brasileira dos Produtores de Algodão (Abrapa), divulgou nesta sexta-feira (24), a revisão da colheita da safra 2021/2022. A previsão de crescimento ficará abaixo das estimativas iniciais, devido às intempéries climáticas que atingiram as regiões produtoras de maneira diferenciada, com chuvas excessivas ou seca. Diante deste cenário, a projeção é colher 2,609 mil toneladas de algodão, na safra 2021/2022, ante as estimativas iniciais de 2,8 milhões de toneladas. Apesar da revisão negativa, o volume de pluma projetado para a colheita 2021/2022 é 10,8% maior do que as 2,36 milhões de toneladas colhidas na safra passada. Os dados foram divulgados durante a reunião da Câmara Setorial da Cadeia Produtiva do Algodão e Derivados, que reuniu representantes do setor, em sessão híbrida.

No Mato Grosso, as condições climáticas favorecem o avanço da colheita, já totalizando em 20% da área plantada. Em Goiás, a colheita já se totaliza em 64% da área. No Mato Grosso do Sul, a primeira safra alcança 40%, enquanto, a segunda safra está em fase de maturação, sendo favorecido pelas condições climáticas.

No Maranhão, a colheita está sendo realizada na primeira e na segunda safra. No Piauí, as condições climáticas favorecem a colheita e boa produtividade é esperada. Na Bahia, as lavouras de sequeiro encontram-se em fase de maturação e colheita, estando adiantada em relação à safra passada, enquanto, as irrigadas estão em formação de maçãs e maturação, sendo, em geral, metade da área colhida no estado.

Em Minas Gerais, o rendimento é abaixo da expectativa inicial e a colheita avança a 20% da área cultivada. Enquanto, em São Paulo, a colheita foi finalizada.





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CONFIRA TAMBÉM O ANÁLISE ZEUS



Referências https://www.conab.gov.br/info-agro/safras/graos/monitoramento-agricola

https://www.conab.gov.br/info-agro/analises-do-mercado-agropecuario-e-extrativista/analises-do-mercado/resumo-executivo

https://globorural.globo.com/Noticias/CBN-Agro/noticia/2022/07/acordo-de-russia-e-ucrania-preocupa-exportadores-de-graos.html

https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/soja/323157-complexo-soja-3-feira-de-boas-altas-para-grao-farelo-e-oleo-na-bolsa-de-chicago.html#.Yt_nSnbMLIV

https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/milho/323112-exportacao-de-milho-chega-em-2-8-milhoes-de-t-em-julho-e-ja-ultrapassa-julho-21-em-44.html#.Yt_m-nbMLIU

https://www.noticiasagricolas.com.br/noticias/usda/323144-usda-reduz-indice-de-lavouras-de-soja-e-milho-dos-eua-em-boas-excelentes-condicoes-nesta-2.html#.Yt_tqnbMLIU

https://portaldeinformacoes.conab.gov.br/produtos-360.html

https://www.terra.com.br/noticias/climatempo/colheita-do-milho-apresenta-avanco-no-ms,4b6b86f38b4d02d9fca57e39b477858dux7srmzo.html


Imagens: Envato


EQUIPE ZEUS

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