ANÁLISE ZEUS - MAIO 22
Atualizado: 3 de ago. de 2022
REGISTROS DE PRECIPITAÇÃO E TEMPERATURAS DO MÊS DE ABRIL DE 2022

Abril, um mês típico de outono, costuma apresentar uma redução significativa das chuvas sobre o interior do Brasil, como mostram as áreas avermelhadas da figura 1. Além disso, é um mês com maior alternância de dias quentes e frios, já que ondas de frio começam a avançar de forma mais intensa pelo Sul e algumas vezes alcançam até o Sudeste e o Centro-Oeste. Neste mês as chuvas mais intensas normalmente acontecem sobre a faixa norte entre o CE, PI e o MA e entre o AP, norte e oeste do PA, interior do AM e sul de RR, como mostram as áreas em azul da figura 1.
PRECIPITAÇÃO E ANOMALIA REGISTRADA EM ABRIL DE 2022
Durante o mês de abril tivemos a formação frequente de áreas de instabilidade entre o norte da Argentina e o Paraguai, que avançaram sobre o Sul do Brasil e foram responsáveis por fortes chuvas, principalmente no meio oeste dos três estados da região, como mostram as áreas em verde escuro da figura 2 (a), que representa a precipitação acumulada em todo o mês de abril. Choveu forte também sobre o extremo sul de Mato Grosso do Sul e entre esta área e grande parte da região Sul, os volumes de água ficaram acima da média para o período, como mostram as áreas em azul da figura 2 (b), que representa a anomalia de precipitação para o mês. Enquanto isso, uma condição de bloqueio atmosférico predominou sobre o interior do Brasil impedindo o avanço das instabilidades das áreas mais ao sul para o interior das regiões Sudeste e Centro-Oeste e por isso choveu muito pouco e o desvio da precipitação foi negativo sobre a maior parte destas regiões, como mostram as áreas em laranja da figura 2(b). Em algumas áreas como é o caso do interior de Minas Gerais, de Goiás e de Mato Grosso, nas áreas em vermelho mais escuro da figura 2(a), o volume registrado em abril ficou abaixo de 20mm. O tempo seco também predominou na maior parte do mês e houve déficit de chuvas sobre o interior Nordestino, em Rondônia e no Acre. Por outro lado, como é normal da época do ano, a chuva começou a aumentar sobre a faixa leste do Nordeste, inclusive houve registro de volumes bastante expressivos de água sobre a faixa leste da Bahia. A chuvas também foram persistentes e volumosas entre o interior da região norte e faixa norte do Nordeste, devido principalmente a influência da Zona de Convergência Intertropical (ZCIT). Nas áreas em azul da figura 2(b), entre o Norte e o Nordeste, os volumes registrados superaram a média do mês, que já costuma ser alta sobre estas áreas. Nas manchas em tons de lilás da figura 2 (a) os volumes de água ultrapassaram 400mm em 30 dias. Em algumas áreas entre o norte do Pará e o Amapá, onde também é normal chover bastante em abril, apesar das chuvas expressivas registradas ao longo do mês, o volume não foi suficiente para atingir a média e o desvio da precipitação foi negativo.

DESVIO DAS TEMPERATURAS REGISTRADAS EM ABRIL DE 2022
As temperaturas mínimas ficaram acima da média sobre grande parte do país, como mostram as áreas alaranjadas da figura 4(a), que representa o desvio da temperatura mínima para o mês de abril. Não tivemos o avanço de ondas de frio significativas pelo centro-sul e por isso desvio positivo foi bastante significativo especialmente entre o Paraná e Mato Grosso do Sul. Um desvio positivo bastante acentuado também é observado no interior do Amazonas e partes do Pará.
As temperaturas máximas também apresentaram desvio positivo em grande parte das regiões Sudeste, Centro-Oeste e Nordeste, como pode ser observado pelas áreas em laranja da figura 4(b). Com a intensificação do tempo seco nessas regiões, as temperaturas dispararam durante as tardes. As temperaturas ficaram abaixo da média na área azul entre o Acre e sul do Amazonas e principalmente em partes da região Sul, onde as chuvas foram frequentes e acima da média, e consequentemente o tempo mais chuvoso dificultou a elevação das temperaturas máximas.

PREVISÃO DO TEMPO DE 04 A 17 DE MAIO DE 2022
A PRIMEIRA QUINZENA DE MAIO SERÁ MAIS CHUVOSA SOBRE O EXTREMO NORTE DO PAÍS E O TEMPO SECO GANHA FORÇA NO INTERIOR DO BRASIL
No período de 04 e 08, figura 5(a) uma frente fria associada a um ciclone extratropical na costa do Sul do País, propaga instabilidades desde a região Sul até áreas do interior do Sudeste e do Centro-Oeste. Para a região Sul a chuva é mais intensa e até com risco para temporais e ventania. De uma forma geral, para as regiões Sudeste e Centro oeste, as chuvas serão esparsas e não devem gerar grandes volumes acumulados sobre o interior dessas duas regiões. A partir do dia 05/05 essas instabilidades começam a se afastar e em todo o centro sul do Brasil e o tempo seco ganha força. Ainda neste período, as chuvas mais persistentes e volumosas são esperadas para a faixa norte do país, devido a influência da Zona de Convergência Intertropical. Os volumes mais expressivos de água devem atingir áreas do extremo norte dos estados como AM, AP, PA, MA, PI e CE. Já sobre o interior nordestino o tempo seco deve predominar na área em que aparece o fundo verde do mapa e tem expectativa para chuvas mais passageiras sobre a faixa leste do Nordeste.
No período de 09 a 13, figura 5 (b) o tempo seco se intensifica em todo o interior do Brasil, como mostram as áreas com fundo verde. A partir de 10/05 novas instabilidades avançam sobre parte da Região Sul, porém a chuva ainda tem se mostrado bastante irregular e se concentram em áreas mais próximas ao litoral entre a Região Sul e Sudeste. As chuvas mais expressivas devem continuar concentradas sobre a faixa norte do Brasil, especialmente entre o norte do AM, RR, AP, norte do PA, norte do MA, norte do PI e CE e em áreas da faixa leste Nordestina, onde as chuvas começam a se intensificar ao longo do mês. Enquanto isso, o tempo seco segue predominando e se intensificando sobre o interior Nordestino.
Entre 14 e 17 de maio, figura 5(c), o tempo seco segue se intensificando em todo o interior do Brasil. Em meados do dia 15, novas instabilidades devem começar a se espalhar em parte da Região Sul e o Sudeste e em alguns pontos do Centro oeste, porém ainda de forma isolada. Além disso a chuva aumenta sobre a faixa leste entre a Bahia e o restante da faixa leste Nordestina. Os maiores volumes de água continuarão concentrados sobre a região Norte e faixa norte do Nordeste como mostram as áreas em azul escuro do mapa. Nas áreas mais ao sul destas regiões a chuva é de forma irregular e passageira e vai perdendo força aos poucos.

TEMPERATURA MÍNIMA
Quanto as temperaturas mínimas, o destaque é o aumento do frio ao longo das próximas semanas em boa parte do Centro sul do País. No período de 04 a 08 de maio, figura 6(a), uma massa de ar de origem polar, que está acompanhando a passagem de uma frente pelo centro-sul do país, deve deixar as madrugadas bem geladas no interior da região sul, como mostram as áreas em tons de azul do mapa. Inclusive, em regiões serranas do RS e SC há risco até mesmo para formação de geadas especialmente a partir do dia 5 de maio. As temperaturas devem cair também em partes do Sudeste e Centro-oeste, como mostram as áreas em verde do mapa, por enquanto nestas regiões o frio não é intenso, mas em algumas áreas as temperaturas mínimas podem ficar abaixo dos 10°C. As temperaturas diminuem até mesmo entre RO, AC e sul do AM nas próximas madrugadas, fenômeno conhecido como friagem.
No período de 09 a 13 de maio, figura 06(b), o frio continua mais intenso sobre a região Sul, especialmente entre o interior gaúcho e regiões serranas, como mostram as áreas em tons de azul mais esbranquiçado no mapa, que representam temperaturas mínimas menores de 5°C. São esperadas temperaturas mínimas baixas ainda sobre o extremo sul de MS e partes do interior do Sudeste, GO, MT e BA, como mostram os as áreas em tons de verde mais escuro do mapa. Nas demais áreas do interior do país, em tons de amarelo e laranja, o tempo segue abafado durante as madrugadas.
A partir da virada da primeira para a segunda quinzena de maio, teremos o avanço de uma massa de ar polar mais intensa, que deve provocar um declínio mais acentuado das temperaturas sobre a região Sul e aumenta o risco para a ocorrência de geadas entre interior Gaúcho e o PR, como mostram as áreas em tons de azul mais claro no mapa, que representam temperaturas bastante baixas que podem chegar entre 2°C e 4°C e até em torno de 0°C nas áreas mais esbranquiçadas. Nesse período, o frio deve aumentar também sobre o interior do Sudeste e do Centro-Oeste, nas áreas em tons de azul mais escuro do mapa. No entanto, sobre essas regiões ainda não são esperados extremos de temperatura mínima e o risco para ocorrência de geadas é menor.

TEMPERATURA MÁXIMA
Quanto as temperaturas máximas, ao longo dos próximos períodos o que mais chama atenção é a intensificação do calor sobre o interior do país, consequência da condição de tempo bastante seco, que deve se intensificar nos próximos dias. Especialmente no interior Nordestino, interior do Sudeste e do Centro-Oeste, as áreas em laranja, que indicam temperaturas máximas mais elevadas nos mapas, se intensificam e se expandem cada vez mais com o passar dos períodos, como podemos acompanhar nas sequências das figuras 7 (a), (b) e (c), que representam a previsão de temperatura máxima até o dia 17 de maio, dividida em períodos de 5 dias. Na região Sul, as temperaturas seguem um pouco mais baixas, como mostram as áreas em verde, devido a maior frequência da passagem de frentes frias e massas de ar de origem polar. As temperaturas máximas também não se elevam tanto na faixa norte do país, devido a persistência das chuvas, ainda associadas a atuação da Zona de Convergência Intertropical.

SAFRAS DE MILHO E SOJA DOS EUA NÃO DEVEM SER SUFICIENTES PARA EQUILIBRAR RELAÇÕES DE OFERTA E DEMANDA

A nova safra de grãos do hemisfério norte tem estado muito em evidência nas últimas semanas, em especial a dos Estados Unidos. O mercado global espera por uma produção saudável e uma colheita cheia em um dos maiores exportadores mundiais de grãos para que haja um começo de equilíbrio nas relações de oferta e demanda. No entanto, o início do plantio da temporada 2022/23 norte-americana já sinaliza algumas preocupações com o clima no Corn Belt, que se unem à crise de insumos que alcança produtores rurais no mundo todo, e continuam dando espaço a uma incerteza crescente sobre a oferta de alimentos.
O plantio desta nova safra registra, de fato, alguns atrasos em função do clima adverso em pontos específicos do cinturão, porém, Carlos Cogo, sócio-diretor da Cogo Inteligência em Agronegócio, lembra que é nos Estados Unidos que está a maior e mais moderna frota de máquinas agrícolas que pode compensar esse atraso e trazer a semeadura de volta a uma 'condição de normalidade'.
Segundo o consultor, uma safra do hemisfério norte, incluindo China, que não tem grandes capacidades de expansão, ou o Canadá, que tem mais relevância no trigo, incluindo os EUA, não terá capacidade de recompor os estoques globais. Ficando ainda na expectativa da próxima temporada da América do Sul, outro ponto de atenção é o risco adicional de termos de conviver pelo terceiro ano consecutivo com a La Ninã.
Diante dessas preocupações é que o consultor de mercado Aaron Edwards, da Roach Ag Marketing, afirma que as cotações tanto da soja, quanto do milho podem alcançar e superar os recordes de 2012, com as realidades que se desenharem para a nova safra americana responsáveis pelo rumo que os preços tomarão. Ainda segundo ele, os próximos dias serão fundamentais.
MILHO: COLHEITA DO MILHO VERÃO NO CENTRO-SUL ALCANÇOU 92% DA ÁREA PROJETADA
De acordo com informações da Datagro, a colheita do milho verão no Centro-Sul alcançou 92,6% da área projetada, avanço de 3,6% ante a semana encerrada em 15 de abril, aquém dos 4,3% da média normal para o período. A colheita supera os 88,1% de igual momento de 2021.
Em Cristalina-GO, as lavouras de milho sequeiro acumulam 17 dias sem chuvas, segundo o presidente do Sindicato Rural do Município, Alécio Maróstica. O cereal plantado sem irrigação representa em torno de 60% do total de áreas de milho do Município, e não há perspectiva de bons volumes de chuvas para os próximos 10 dias.
Se as previsões se confirmarem e as chuvas não vierem nesse período, a produtividade pode cair, saindo de uma média de 100 sacas por hectare, que é o comum da região, para 50 a 60 sacas por hectare.
Boa parte do milho nas áreas não irrigadas estão em fase de pendoamento ou enchimento de grãos, etapa em que a chuva é crucial para definir a produtividade das lavouras. Os 40% de áreas em sistema de irrigação devem seguir com média de produtividade de 160 sacas por hectare.
Além da estiagem, Maróstica demonstra também a preocupação com ataques da cigarrinha do milho que normalmente atingem mais as lavouras quando o cereal está em fase de pendoamento.
“No Paraná o clima está favorável em praticamente toda safra, a expectativa é de uma superprodução, o que naturalmente permitirá a recomposição de estoques”, disse à Reuters o analista do Deral, Edmar Gervásio.
Segundo o Deral, a área cultivada deverá crescer 7% ante o ciclo anterior, para 2,7 milhões de hectares na segunda safra, o que também configura um recorde.
Para o trigo, cujo plantio começou em abril, o departamento deixou a expectativa de produção praticamente estável, ao passar de 3,87 milhões para 3,86 milhões de toneladas. A perspectiva do departamento é que a semeadura do cereal de inverno deslanche em breve, apoiada pelas condições de umidade deixadas no solo por chuvas recentes.
A área de trigo foi mantida em 1,17 milhão de hectares, em relação ao levantamento anterior, e segue abaixo de 1,22 milhão vista em 2021, com produtores optando pelo milho apesar dos bons preços do cereal para panificação.
ALGODÃO: COLHEITA DA SAFRA 21/22 DE ALGODÃO COMEÇA NO PARANÁ E EM SÃO PAULO

A colheita da safra de algodão 2021/22 no Brasil começou. O ritmo se intensifica no mês de junho, no entanto, produtores do Paraná e de São Paulo iniciaram os trabalhos. Nos respectivos estados, o algodão é cultivado antes das demais regiões produtoras, em função do clima. A semeadura se inicia em novembro e por isso a colheita ocorre nesta época. A área plantada no Paraná é de 1.200 hectares, enquanto em São Paulo são 8.940 hectares, na safra 2021/22. Quarto maior produtor mundial da fibra, o Brasil finaliza o período de colheita em setembro.
Segundo o presidente da Associação dos Cotonicultores Paranaenses (Acopar), Almir Montecelli, a expectativa é positiva e os produtores da região deverão atingir a projeção de colher 1.200 hectares plantados. “Até o momento, o trabalho transcorre normalmente e com estimativas de bons resultados, como na qualidade da fibra”, destaca Montecelli.
Em São Paulo, a colheita começou faz três semanas e o beneficiamento também, segundo o presidente da Associação Paulista dos Produtores de Algodão (Appa), Thomas Derks. “Ainda é muito cedo para mensurar quanto o clima impactará na colheita. A chuva registrada no mês de março deverá prejudicar a qualidade e a produtividade, mas como estamos iniciando o processo é preciso aguardar.”
Para esta safra, a Associação Brasileira de Produtores de Algodão (Abrapa), projeta um volume produzido de 2,82 milhões de toneladas de pluma. Se confirmada, a previsão será 19,6% superior à quantidade colhida na safra 2020/21, devido, principalmente, à recuperação de 15,2% na área plantada, que chegou a 1,579 milhão de hectares, e da alta produtividade.
CANA: PRODUÇÃO DE AÇUCAR DEVE AUMENTAR EM 22/23 NO CENTRO SUL
A produção de açúcar na safra 2022/23 deve ficar em até 34 milhões de toneladas, segundo estimativas da consultoria técnica Canaplan, o que representaria uma alta de 5,92% ante a temporada anterior. A projeção para o etanol varia entre 24,3 e 28 bilhões de litros, a depender do mix.
Atualmente, o etanol está sendo negociado a preços maiores no mercado brasileiro do que o açúcar e o fluxo de caixa também é mais rápido para as usinas, por isso as estimativas estão condicionadas à decisão das usinas sobre a prioridade dos produtos.
De acordo com a consultoria, com uma moagem estimada em 530 milhões de t de cana e um mix de 40% para o açúcar, a estimativa para o adoçante seria de 28,6 milhões de t, mas o potencial máximo, com um mix de 45% em uma moagem de 560 milhões de t poderia elevar a safra para 34 milhões de t.
O Açúcar Total Recuperável (ATR) da safra 2022/23 é projetado em 141,5 kg/t pela Canaplan. A União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) apontou que a safra 2021/22
do Centro-Sul do Brasil foi finalizada em março com produção de 32,1 milhões de t e a de etanol em 27,6 bilhões de litros. O mix para o açúcar ficou em 45,02% e o de etanol em 54,98%..
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ANÁLISE ZEUS DE MAIO/22
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Fonte das informações agrícolas: Céleres; Reuters; Notícias Agrícolas; Imea.
Imagens: Envato
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